A cortiça e o vinho têm uma ligação secular, e a história de um não pode ser contada, sem fazer referência à história do outro.
Acredita-se que o inventor da rolha foi Dom Pérignon, no século XVII, o mesmo monge francês a quem atribuímos à invenção do champagne. Até então o vinho era sempre consumido fresco, e a invenção da rolha surge para permitir o armazenamento do vinho a partir do seu eficiente sistema de vedação.
A rolha no tempo tem sido explorada pelas suas propriedades de isolamento térmico, resistência ao impacto e capacidade de selar os recipientes. Ainda hoje a produção de rolhas de cortiça apresenta uma grande importância, especialmente no campo do vinho, onde mantém seu monopólio. Atualmente as indústrias têm o dever, nem sempre fácil, de produzir um material de origem natural, se adequando as necessidades da moderna produção de vinho.
A rolha de cortiça não é um material barato, alguns enólogos dizem que pode afetar o sabor do vinho por causa do mofo, e se perguntam porque não usar outras alternativas encontradas no mercado, desenvolvidas tecnologicamente, teoricamente mais seguras e mais econômicas. A grande verdade é que a maioria dos amantes de vinho tem uma ligação emocional com a cortiça e a consideram sagrada.
Já dá para perceber que as rolhas de cortiça não são mais a única alternativa para selar nossas garrafas de vinho. Com certeza elas não vão desaparecer do mercado, mas já não estão mais sozinhas.
Rolha de Cortiça
Esse tipo de rolha é o mais utilizado para garrafas de vinho, e também o mais caro porque é feito de uma única peça (monolítico, toda a sua composição é de cortiça) a partir da casca do Sobreiro (Quercus suber). A princípio tem todos os requisitos para uma rolha de qualidade, adere ao gargalo da garrafa, resiste no tempo, é insípido e, como o vinho, é um produto natural. Mais de 50% das rolhas de cortiça são produzidas em Portugal, menores quantidades vem da Itália (Sardenha), Norte da África e França. As árvores utilizadas para a produção dessas rolhas são cultivadas especificamente para proteger esta espécie em risco de extinção, a crescente demanda causada pela produção de vinho está fazendo com que a cortiça se torne um material raro.
Rolha de Aglomerado de Cortiça
É o tipo de rolha de cortiça mais econômica, sendo produzida com os resíduos da extração da cortiça. São misturadas a outras substâncias como, por exemplo, cola, e prensadas numa máquina. Acredita-se que esse tipo de rolha incentive o desenvolvimento de mofo, consequentemente alterando o paladar do vinho, a coisa interessante é que sua produção dobrou nos últimos 20 anos.
Rolha de Cortiça Composta
Uma variante da rolha de aglomerado: tem um ou dois discos de cortiça de boa qualidade colados à base. Uma técnica que limita o risco de alteração do paladar. É uma rolha indicada para os vinhos que devem ser consumidos dentro de um ano após seu engarrafamento. Se o vinho não for consumido dentro de um ano, existe a possibilidade de entrar em contato com a parte feita em aglomerado, comprometendo assim o sabor do vinho.
Rolha Sintética
Nos últimos anos houve um “boom” de rolhas de silicone especialmente nos Estados Unidos, e também na Espanha e na Itália, onde são utilizadas, principalmente, para tapar os vinhos que não são envelhecidos. Elas são à prova d’água, a prova de fungos, e podem ser facilmente removidas com um saca-rolhas normal. Existem rolhas de qualidades diversas, as melhores são produzidas nos Estados Unidos com o processo de extrusão. Estas rolhas são particularmente adequadas para os vinhos brancos, existem estudos em andamento referentes aos vinhos tintos envelhecidos, pois existe a possibilidade que seu material, o plástico, em contato muitos anos com o vinho, possa acelerar a decomposição dos ácidos sulfúricos provocando a rápida oxidação do vinho.
Tampa de Rosca (Screw Cap)
Feitas em metal e com um baixo custo de produção praticamente não deixam o ar entrar no vinho, e por esse motivo não alteram o sabor da bebida. São quase que ignoradas pelos amantes e conhecedores de vinho. Muitos produtores e especialistas acreditam que as tampas de rosca não são capazes de reproduzir a forma como as rolhas de cortiça permitem a entrada de um pequeno volume de oxigênio na garrafa que com o tempo, suaviza o vinho e o conduz ao desenvolvimento de aromas e sabores complexos.
Tampa de Vidro
Existem muitos pontos fortes na utilização da tampa de vidro. É um material perfeitamente estéril, capaz de evitar qualquer contaminação possível, imune à ação do tempo, e a tampa pode ser facilmente reutilizada para fechar novamente a garrafa. Reciclável e, por conseguinte, também ecológica, são bonitas e elegantes apesar de não terem o charme da tradição. Em suma, a tampa de vidro é uma forte candidata a ter muito sucesso num futuro próximo, isso se seu custo baixar com uma produção em larga escala. Atualmente seu custo ainda é muito caro.