Como nasceram os Supertoscanos ou Super Tuscan?

Por que e quais são eles?

E que importância desempenhou na história do vinho italiano e da Toscana?

Para entender o nascimento dos Supertoscanos devemos nos transportar ao século XIX quando o Barão Bettino Ricasoli (1809-1880), ilustre político, agrônomo e grande apaixonado de vinho percebeu o grande potencial da Sangiovese e introduziu a primeira receita do vinho Chianti, que incluía 70% de uva Sangiovese para dar corpo e cor, 15% uva Malvasia de acidez e 15% de uva Canaiolo para dar um toque de doçura.
Por razões históricas e culturais não comtemplava a ideia de um vinho que envelhece, bem como certas técnicas de vinificação, sendo idealizado como um vinho para ser apreciado imediatamente após sua produção. Nasce assim o disciplinar (norma jurídica) que rege a produção do vinho Chianti e todos os produtores deviam seguir essa receita.

Chegamos ao século XX, mas precisamente final da década de 60, apesar dos processos inovadores na produção de vinho, do conhecimento que para produzir vinhos de estrutura era importante o envelhecimento para obter a sua excelência, muitos produtores da região de Chianti, preocupados com a qualidade do vinho, que naquela época estava sendo considerado de baixa qualidade (não tinha a estrutura de um vinho envelhecido), resolvem fugir das normas jurídicas da sua produção, que eram extremamente restritivas e começam a produzir por conta própria vinhos de qualidade superior.

E exatamente nesse momento que nascem os primeiros Supertoscanos, vinhos fora da regulamentação (fora da lei), que não podiam ser rotulados como Chianti. O primeiro deles foi o vinho  ”Vigorello”, produzido na região de Chianti, o segundo o “Sassicaia”, produzido a Bolgheri (província de Livorno, Toscana) e foram classificados obrigatoriamente como “Vino da Tavola” que é o nível mais baixo da classificação dos vinhos italianos, apesar de serem vinhos de grande excelência.

A escolha das uvas, como por exemplo, Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, a possibilidade de criar vinhos 100% de um único tipo de uva, a introdução de inovações no processo de vinicultura, a antecipação da colheita de determinadas variedades, a introdução da fermentação malolática para os vinhos tintos, o uso de barris novos de carvalho vindos da França, todas essas modificações e outras mais acabaram produzindo vinhos de qualidade excepcional.

Devido à qualidade desses vinhos, eles começaram a ser muito apreciados e não demorou muito para que os críticos de vinho do outro lado do oceano descobrissem esses novos rótulos, que eram produzidos de uma forma tão diferente do típico Chianti, mas que pertenciam a mesma região. Eles foram batizados como “Super Tuscan”, uma designação virtual dada a esses vinhos de excelente qualidade da região da Toscana,  que não se encaixavam em uma classificação do seu nível. Vale lembrar que pela legislação italiana eles eram classificados como “Vino da Tavola”.

Isso aconteceu na final da década de 80 e revolucionou a produção de vinho não só na Toscana, mas em toda a Itália. A partir dai foram implementadas mudanças no sistema de classificação dos vinhos e muitos vinhos comercializados como Supertoscanos foram enquadrados até mesmo como DOCG em reconhecimento a sua alta qualidade.

Um outro exemplo é que em  1996 foi dado o sinal verde para serem utilizados na produção do Chianti os vinhedos franceses Bourdeaux. O prestígio desse vinho foi merecidamente restabelecido e todos acabaram ganhando com a revolução dos Supertoscanos, principalmente nós consumidores.

Aproveite para deixar seu comentário, principalmente se você já teve alguma experiência com algum dos Supertoscanos! E assista também ao nosso video que foi registrado no lugar onde nascem os Supertoscanos.